quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Mentira

Eu minto, você também. É uma verdade básica da condição
humana que todos mentem, a variável é sobre o que, mas você
realmente nunca poderá ter certeza disso porque possivelmente
estou mentindo agora. Tudo é mentira até que se prove o contrário,
a questão é que geralmente não se pode provar o contrário, ou seja,
para todos os efeitos eu posso estar mentindo e cabe a você acreditar
ou não, mas isso depende também da veracidade da minha mentira.

Algumas pessoas insistem em afirmar que não mentem, isso é possível,
considerando que elas dizem verdades inventadas, o que eu não sei
dizer se é uma mentira, mas não acho que seja verdade, em todo o
caso é uma meia-verdade. Enfim, há apenas uma maneira de
evitar uma mentira, não fazendo uma pergunta.

Na lata, sem rodeios ou qualquer tipo de enrolação. Você me perguntou,
eu respondi. Não me leve a mal, eu sei que foi desonesto mentir daquela
maneira, mas é que você me pareceu tão fofinha naquela hora que eu não
conseguiria dizer-te não.

Foi desonesto comigo também. Foi apelação. Pupilas dilatadas nas Iris
brilhantes azul celeste são irresistíveis, não vale daquele jeito.
Seu jeito de menininha, ombros encolhidos, mordendo o lábio inferior
e coração querendo pular para fora me rendeu, pegou de surpresa,
comoveu, foi impossível resistir. Reconheço que sempre fui fraco com
esse tipo de coisa, entretanto você é tão culpada quanto.

Tudo ocorria razoavelmente bem até você fazer-me mentir. Depois
ocorreu melhor. Você pulou em meu pescoço e me beijou tão intensamente
que julguei melhor prosseguir mentindo, ao menos por mais um tempo.
Aconteceu que a mentira foi ganhando uma certa veracidade, aquele
“Sim, eu gosto de você!” foi cada vez mais se tornando um
“Sim, eu gosto de você!” e depois não era só gostar, era bem mais
que um simples querer, estava mais para um desejar ardentemente.

Mas acontece que tudo tem começo, se começa um dia acaba.
Começou com uma mentira, logo estava fadado a terminar por
uma mentira. Por que eu menti? Nosso relacionamento desde o
principio foi baseado em mentiras, então mentir se tornou corriqueiro
e eu fui ver a minha ex que veio pra cá matar a saudade de um tio,
eu queria matar a saudade que sentia dela. Uma vez ouvi dizer que
saudade boa é saudade morta.

Eu sei que você me culpa e não confia mais em mim, nem vou pedir
que confie, eu não sou e nunca fui muito confiável. Mas eu queria
dizer-lhe que você é igualmente culpada. Pensando bem, aquela
minha mentira nos proporcionou o que vivemos e mais tarde veio se
torna veraz, então não foi um erro tão errado assim. E quem nunca
mentiu ao menos uma vez na vida?

Eu não estou te escrevendo para que você me perdoe, apenas para
que compreenda minha situação. Não me arrependo de ter mentido,
só não faça uma pergunta daquele jeito para um cara emocionalmente
instável como eu, porque normalmente esse é o ponto fraco deles,
naturalmente eles se rendem. Creia, não é tanto assim fraqueza,
você sabe como ser irresistível.

Yuri Rodrigues

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Meu amor é maior do que o inconformismo

O íntimo humano escrito em linhas sublimes
Talvez o meu olhar de nascimento de alguma forma
Tenha enquadrado o universo Shakesperiano

Vejo muito mais do que a distorcida e ilusória projeção de sociedade

" Estamos no topo da cadeia alimentar? Ou nos dividimos para nos devorar? Canibalismo?"

E uma mistura desigual de inconformismo e amor pela vida se complementam dentro de mim
E nas profundezas da alma de cada personagem do palco da vida
A beleza me encanta
A feiúra me espanta

E de tudo que há para se encantar
Nada pode prover se não do amor
E de tudo que há para se espantar
Nada pode prover se não dos sentimentos 
mais sorrateiros e nocivos que rastejam ao nosso redor

Diego Rossi

Cena do filme Othelo da obra de William Shakespeare
Seis coisas o Senhor detesta, e a sétima a sua alma abomina: olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente; o coração que maquina pensamentos perversos, pés que se apressam a correr para o mal; a testemunha falsa que profere mentiras, e o que semeia contendas entre irmãos.” 









segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O marceneiro e as ferramentas

Contam que, em uma marcenaria, houve uma estranha assembléia. Foi uma reunião onde as ferramentas se juntaram para acertar suas diferenças. Um martelo estava exercendo a presidência, mas os participantes exigiram que ele renunciasse. A causa? Fazia demasiado barulho e, além do mais, passava todo tempo golpeando. O martelo aceitou sua culpa, mas pediu que também fosse expulso o parafuso, alegando que ele dava muitas voltas para conseguir algo. Diante do ataque, o parafuso concordou, mas, por sua vez, pediu a expulsão da lixa. Observou que ela era muito áspera no tratamento com os demais, entrando sempre em atritos.
A lixa acatou, com a condição de que se expulsasse também o metro, que sempre media os outros segundo a sua medida, como se fosse o único perfeito.
Nesse momento, entrou o marceneiro, juntou todas as ferramentas e iniciou o seu trabalho. Utilizou o martelo, a lixa, o metro, o parafuso... E a rústica madeira
se converteu em belos móveis, úteis e funcionais! Quando o marceneiro foi embora
para casa, as ferramentas voltaram à discussão. Mas o serrote adiantou- se e disse:
- Senhores, hoje ficou demonstrado que temos defeitos, mas o marceneiro trabalha com nossas qualidades, ressaltando nossos pontos valiosos... Portanto, em vez de pensar em nossas fraquezas, devemos nos concentrar em nossos pontos positivos!
Então, a assembléia entendeu que o martelo era forte, o parafuso unia e dava força, a lixa era especial para limpar a afinar asperezas, o metro era preciso e exato.
Todos se sentiram como uma equipe, capaz de produzir com qualidade... E uma grande alegria tomou conta de todos pela oportunidade de trabalharem juntos.

No evangelho de São Mateus, capítulo 25, 14-30 Jesus conta a parábola dos talentos. Mostra o patrão que viaja e deixa alguns talentos para alguns servos cuidarem até ele voltar, dois administram bem os talentos e um deles resolve enterrar o talento recebido. Assim como numa bolsa de valores, uns arriscam e investem em ações, outros preferem não arriscar, ainda mais nestes tempos de crises financeiras que passa os Estados Unidos e a Europa. A ótica de Deus é contrária da nossa.

Cada um de nós tem talentos naturais, dons que Deus nos deu. Mas infelizmente ficamos olhando somente os defeitos nossos e dos outros ao invés de olharmos para aquilo que todos temos de bom. A pessoa redescobre a si mesmo e seus dons na relação com o outro. Cada pessoa é um dom para o outro. Receber um talento é criar uma responsabilidade. Esta historinha nos faz compreender melhor que a riqueza dos talentos se faz  quando somos juntos dom em benefício para os outros. Ainda não sabemos ver o outro como dom, porque ficamos olhando para nós mesmos e temos medo do outro que é diferente, ao invés de vê-lo como dom que é para a humanidade.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Robô ZariTim em Uma História de Encantar

de Giani Bertusso

Numa terra distante daqui, em meio a muitas nacionalidades, havia um robô muito especial. Tão especial que nem parecia de lata. Parecia gente. Sempre tão preocupado com todos. Seu coração batia forte ao ver alguém triste do seu lado. A!!! Nem falei como ele se chamava. Mas é que na verdade, ninguém precisava chama´-lo. Ele estava sempre por perto. Zaritim, assim ele foi registrado, por um cientista maluco, num laboratório que já nem existe mais. E assim era a vida de Zaritim. Uma criação esplêndida, quase humana. Tudo era amor, brincadeiras, paz e harmonia. Tinha nas mãos uma vontade e um sonho, praticamente visível. Num globinho terrestre que carregava numa das mãos, expressava com todo empenho aquilo que era o seu maior desejo. E ........... uma vontade, mas vontade de correr o mundo.
O tempo foi passando e Zaritim girava aquele globo “pra lá e pra cá”. Ele via aqueles países do globinho, e sentia suas latas arderem como fogo de vontade de conhecer o mundo. Sobrevoar as terras, deslizar no oceanos, tocar os telhados, adentrar as casas de outras crianças. Porém um dia, Zaritim rodou tão forte esse globinho e ele, fissurado naquela bolinha girando tão rápido que o coração dele deu um estouro.
Bummmmmmmmmmmmmm
Zaritim teve algo semelhante a um A...V...C...
A de ...........adiante
V de ..........vai
C de ............companheiro.
Quando se deu por acordado, estava dentro de algo muito grande e estranho, parecia uma nave, um avião, sei lá o quê. Sei que voava tão alto, que Zaritim não tinha palavras, só curtia tudo o que via lá de cima. Apreciava os mares, os oceanos, as planícies e os planaltos, casinhas bem parecidas com caixinhas de fósforo. Sabia que tinha que pousar, mas não tinha a mínima ideia de onde. E já bem perto da terra, ainda curtindo a bela paisagem, Zaritim lia soletradamente.
TI TIM Timburi, olha uma cidade parecida com as letras do seu nome: Za Ri Tim Timburi. E foi aqui mesmo. Zaritim chegou a Timburi já faz algum tempo, sua adaptação foi a melhor possível. E para os timburienses não foi diferente. Zaritim sempre rodeado de crianças, conquistou a simpatia dos adultos, parecia nunca ter morado noutro lugar. Mas Zaritim, apesar de sua aparente felicidade, ainda se via “fervendo” de vontade de fazer algo por aquele lugar que ele já gostava tanto. Seu maior desejo era de proteger esta cidade que tão bem o acolheu.
Zaritim se identificava muito com as montanhas, as florestas, a natureza de Timburi o envolvia demaaaaaaaaaaaais. E pensava, pensava. Epa, será que boneco de lata pensa?
Ele observava tudo atentamente, e viu que Timburi avançava na preservação do meio ambiente e a separação do lixo dava cada vez mais certo. Cada qual com a sua responsabilidade.
Mas ainda faltava algo.
Um dia andando pra lá e pra cá. Viu que as pessoas não sabiam o que fazer com algum tipo de lixo. Como pilhas, baterias, celulares que não prestavam mais. Este lixo não pode ser jogado como os outros. Pois podiam contaminar as pessoas. Zaritim então, passou a recolher esse material. Num instante viu que a ideia era boa e esse trabalho nunca mais parou. Hoje ele está na Emef e pede que as crianças vejam em casa com os pais, se tem esse tipo de lixo, e tragam, para depositar nesta mochila que o Zaritim carrega para recolher esse tipo de material. Zaritim convive com as pessoas, adotou Timburi como sua cidade do coração. A semelhança com seu nome, a hospitalidade das pessoas e o ambiente familiar ultrapassam as latas do robô. Ahhh!!! Zaritim já se prepara para receber o Título de Cidadão Timburiense. Um agradecimento especial para este que tem se dedicado tanto a Timburi.

 ZARITIM

Era um chuveiro,
um galão de água e algumas coisas mais.


Foi se transformando e ...

 Um macaquinho maluco foi ajudando...

Um arrecadador de Material Perigoso
( pilhas, baterias e celulares)


                                                 E ficou nota mil.