UM FILME SOBRE A DESCOBERTA
DE QUEM SOMOS
Os Descendentes. Que belo filme...engraçado...triste...doloroso...Um filme realista sem direção pomposa e apelos sentimentais. Retrata a vida tal como ela é. Uma obra que embora repleta de golpes da vida passa-se como uma pluma...pouco se percebe a direção e esta aí o êxito do cineasta, o controle de Alexander Payne sobre a história e seu desenrolar é digno de maestria. A música, os personagens bem elaborados, vivos, reais, e um George Clooney ( Matt King ) “humano”, comum e desconcertado criam um distanciamento da arte ( cinema ) e nos conduz à realidade das personagens de uma forma que sofremos e torcemos juntos. Matt King é um advogado e um dos herdeiros de uma grande quantidade de terras no Havai. Nas vésperas de fechar um acordo imobiliário de milhões de dólares, sua esposa sofre um grave acidente e entra em coma. Durante o coma de sua esposa, ele descobre a distância que mantinha das filhas e esposa e principalmente um segredo que vai testá-lo e consequentemente mudá-lo para sempre. Repensando sobre o passado e futuro, Matt precisa colocar tudo em seu devido lugar ( se é que a vida permite ) e abraçar a todos como nunca fez antes. Não é um filme “pipoca", e de uns tempos para cá o Oscar tem indicado alguns filmes cerebrais, “será que há vida inteligente no Oscar?”.
Os Descendentes se aproxima de todos nós e nos faz refletir muito. Envolvemos-nos na trama tão naturalmente quanto o próprio filme, na tempestade vivida pelos nossos “amigos” que faz com que não queremos o fim do filme...ou que desejamos um final “hollywoodiano”. Queremos continuar como coadjuvantes de toda a história que na verdade é a nossa. Payne também desmistifica o Havai, aquela ideia de paraíso, onde ninguém trabalha, não há dor, apenas alegria. Embarcamos numa história sobre fidelidade, herança, família, paternidade, relações, perdão, auto-descoberta. Enfim, uma história discretamente humana.
Diego Rossi
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